Soutenance de thèse de Mme Clara GUIMARAES SANTIAGO

Thèse de doctorat en Philosophie politique

Le corps féminin : une pratique de résistance politique

Cette thèse, inscrite en philosophie politique féministe, est avant tout un exercice de pensée : une manière de réfléchir à la place que les corps féminins occupent aujourd’hui dans la société contemporaine. Nous avons voulu comprendre, d’une certaine manière, comment le sexe, le genre, la race et la vulnérabilité se croisent pour façonner les expériences vécues, mais aussi comment les femmes, souvent malgré tout, résistent aux violences qu’elles subissent. La question qui traverse notre travail pourrait se dire simplement : pour les femmes, la résistance peut-elle être pensée comme un véritable moyen d’existence ?
Autour de cette idée, nous avons formulé plusieurs interrogations : que veut dire être une femme dans la contemporanéité ? Quelles marques spécifiques sont infligées à son corps, et comment ces marques, imposées par les dispositifs sociaux et politiques, deviennent-elles parfois le lieu même de la résistance ? On pourrait dire que le corps féminin, exposé et vulnérable, invente sans cesse des manières de se tenir face à la violence patriarcale, raciale et coloniale. Il semble que la résistance soit, en elle-même, un élément constitutif du pouvoir : il n’existe pas de pouvoir sans résistance, mais pas non plus de résistance sans une forme de vulnérabilité. La thèse s’organise en trois grandes parties.
La première, Politiques du corps féminin, propose une lecture critique de la construction historique et politique du corps des femmes ; elle analyse les dispositifs du sexe et du genre, les hiérarchies raciales et coloniales, ainsi que les formes de dissidence qui se dessinent dans ces cadres. La deuxième, Les violences comme lieu de la résistance, s’ouvre sur une réflexion théorique du concept de résistance et tente de tracer une cartographie de certaines violences choisies : vulnérabilités et injustices, culture du viol, politiques de haine.
Enfin, la troisième partie, Quand le cri des femmes devient corps-résistance, discute les pratiques et les horizons d’émancipation : la politique d’alliances, la mémoire et le récit de soi, la relation entre corps et territoire, et les perspectives écoféministes. L’originalité de ce travail réside, nous semble-t-il, dans une critique féministe située, à la croisée de la philosophie politique et des théories matérialistes, queer, post- et décoloniales.
Nous essayons moins de redéfinir la catégorie de femme que d’en interroger la pluralité, les devenirs, les fractures : quels sont, aujourd’hui, les nouveaux sujets de l’émancipation féministe ? C’est dans ce sens que nous problématisons les enjeux d’une épistémologie de la résistance et de la vulnérabilité, comprises comme des pratiques d’émancipation plurielles, situées, incarnées : celles d’un corps qui, en résistant, continue d’exister.

Mots-clés : Corps féminin, Résistance politique, Vulnérabilité, Violence de genre, Colonialité / décolonialité, Intersectionnalité, Épistémologie féministe


The Female Body: A Practice of Political Resistance

This doctoral dissertation in feminist political philosophy is, above all, an exercise in thought, a way of reflecting on the place that female bodies occupy in contemporary society. We sought to understand, in a certain sense, how sex, gender, race, and vulnerability intersect to shape lived experiences, but also how women, often despite everything, resist the many forms of violence that affect them. The question that runs through our work could be put simply: for women, can resistance be conceived as a genuine means of existence? Around this idea, we have formulated several inquiries: what does it mean to be a woman today? What specific marks are inscribed on her body, and how do these marks ¿ imposed by social and political structures ¿ sometimes become the very site of resistance? One could say that the female body, exposed and vulnerable, constantly invents ways of standing against patriarchal, racial, and colonial violence. It seems that resistance is itself a constitutive element of power: there is no power without resistance, and no resistance without vulnerability. The dissertation is organized into three main parts.
The first, Politics of the Female Body, offers a critical reading of the historical and political construction of women’s bodies; it examines the mechanisms of sex and gender, racial and colonial hierarchies, and the forms of dissidence that emerge within these frameworks.
The second, Violence as a Space of Resistance, opens with a theoretical reflection on the concept of resistance and outlines a cartography of selected forms of violence: vulnerabilities and injustices, rape culture, and politics of hatred.
Finally, the third part, When Women’s Cries Become Bodies of Resistance, discusses practices and horizons of emancipation: the politics of alliances, memory and self-narration, the relation between body and territory, and ecofeminist perspectives. The originality of this research lies, we believe, in a situated feminist critique at the crossroads of political philosophy and materialist, queer, post- and decolonial theories.
Our aim is not so much to redefine the category of woman as to question its plurality, its fractures, and its potential transformations: who are, today, the new subjects of feminist emancipation? In this sense, we explore the conditions of an epistemology of resistance and vulnerability, understood as situated, embodied, and plural emancipatory practices ¿ those of a body which, by resisting, continues to exist.

Female body, Political resistance, Vulnerability, Gender-based violence, Coloniality / decolonial thought, Intersectionality, Feminist epistemology


O corpo feminino: uma prática de resistência política

Esta tese, inscrita na filosofia política feminista, é antes de tudo um exercício de pensamento: uma forma de refletir sobre o lugar que os corpos femininos ocupam na sociedade contemporânea. Buscamos compreender, de certo modo, como o sexo, o gênero, a raça e a vulnerabilidade se entrecruzam na experiência do viver, mas também como as mulheres, muitas vezes e apesar de tudo, resistem às violências que as atravessam. A questão que orienta nosso trabalho poderia ser formulada de maneira simples: para as mulheres, a resistência pode ser pensada como um verdadeiro meio de existência?
A partir dessa ideia, formulamos várias perguntas: o que significa ser mulher na contemporaneidade? Quais marcas específicas são inscritas em seu corpo? E de que modo essas marcas – impostas por dispositivos sociais e políticos – se tornam, às vezes, o próprio lugar da resistência? Pode-se dizer que o corpo feminino, exposto e vulnerável, inventa continuamente maneiras de se manter de pé diante da violência patriarcal, racial e colonial. Parece-nos que a resistência é, em si mesma, um elemento constitutivo do poder: não há poder sem resistência, nem resistência sem uma forma de vulnerabilidade. A tese organiza-se em três grandes partes. A primeira, Políticas do corpo feminino, propõe uma leitura crítica da construção histórica e política do corpo das mulheres; analisa os dispositivos de sexo e gênero, as hierarquias raciais e coloniais e as formas de dissidência que emergem desses contextos. A segunda, As violências como lugar da resistência, abre-se com uma reflexão teórica sobre o conceito de resistência e traça uma cartografia de certas violências específicas: vulnerabilidades e injustiças, cultura do estupro e políticas de ódio. Por fim, a terceira parte, Quando o grito das mulheres se torna corpo-resistência, discute práticas e horizontes de emancipação: a política das alianças, a memória e o relato de si, a relação entre corpo e território e as perspectivas ecofeministas. A originalidade deste trabalho reside, acreditamos, em uma crítica feminista situada, no cruzamento entre a filosofia política e as teorias materialistas, queer, pós e decoloniais.
Nosso objetivo não é tanto redefinir a categoria mulher, mas interrogar sua pluralidade, suas rupturas e seus possíveis deslocamentos: quem são, hoje, os novos sujeitos da emancipação feminista? Nesse sentido, problematizamos as condições de uma epistemologia da resistência e da vulnerabilidade, compreendidas como práticas emancipatórias múltiplas, situadas e encarnadas – as de um corpo que, ao resistir, continua existir.

Corpo feminino, Resistência política, Vulnerabilidade, Violência de gênero, Colonialidade / decolonialidade, Interseccionalidade, Epistemologia feminista


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